20 de Setembro
Semana Farroupilha
A principal data do calendário gaúcho foi alvo de uma minuciosa pesquisa, feita pela equipe do JM. Utilizamos
alguns dos principais títulos destinados ao tema, como A Revolução Farroupilha, de Moacyr Flores. Também algumas
outras obras que contam um pouco de como esta data se tornou tão importante para o nosso povo.
Um dia para a eternidade
Na tarde de 19 de setembro de 1835, uma força revolucionária de pouco mais de 200 cavaleiros, comandados por Vasconcelos Jardim e Onofre Pires, acampava na Azenha, arredores da capital na época. Sem medir o perigo, o governo manda a seu encontro uma pequena tropa comandada pelo major Visconde de Camunu. Anoitecia quando ocorreu o choque entre as tropas, a primeira linha dos revolucionários contava com o capitão Manuel Vieira da Rocha. Os legalistas foram repelidos, lançando pânico aos restantes que haviam ficado na cidade que após acabaram por aderirem aos revolucionários.

Assim tem início à guerra que perduraria por mais 10 anos.
Por que Guerra dos Farrapos?
Enganam-se aqueles que acreditam que o termo ‘farrapos’ ou ‘farroupilhas’, relacionado aos revolucionários gaúchos, se origina por causa dos rotos trajes que estes vestiam no limiar da guerra. Este termo já era utilizado bem antes à Revolução Farroupilha, servindo como designação de grupos liberais com ideais mais exaltados.
No início do século XIX, o Rio de Janeiro contava com inúmeras sociedades secretas que conspiravam para a queda da monarquia. Uma destas era a Sociedade dos Amigos Unidos, seus simpatizantes eram conhecidos por farroupilhas. Termo que passou a ser aceito no ano de 1831, como designação dos liberais exaltados. A sociedade chegou a publicar jornais para difundir os seus ideais: a Jurubeba Farroupilha e a Matraca dos Farroupilhas.
Segundo Evaristo da Veiga, o termo é inspirado nos ‘sans culottes’ (sem calções), revolucionários franceses extremados do período da Convenção (1792 a 1795).
O Charque
Um dos produtos mais vendidos do nosso Mercado, o charque é uma carne salgada e que chegou a ser o principal produto da economia de nosso estado no século XIX. A história nos conta que o principal responsável pela sua introdução em nossos costumes veio através do fundador de Pelotas, José Pinto Martins. Nascido em Portugal, ele veio para o Brasil, trabalhou com o fabrico de carne-seca onde hoje é o estado do Ceará. Após uma crise, agravada pela seca, mudou-se em 1777 para a vila do Rio Grande em busca de melhores oportunidades. Aqui ele vislumbrou um cenário de total desperdício, pois boa parte do gado abatido tinha somente o couro como moeda, e a carne muitas vezes, jogada fora. Com a introdução dos escravos nas capitanias do norte e do centro, o Ceará não conseguia suprir a demanda de carne-seca. Com o charque, o Rio Grande do Sul adentrou neste mercado, e logo se tornou o principal fornecedor do país.
Curiosidade: o charque e o bacalhau eram comidas destinadas aos escravos.
A bandeira do Rio Grande
A bandeira do nosso estado que conhecemos hoje foi criada e usada pelos rebeldes durante a Revolução Farroupilha, na época ainda não constava seu brasão central . Quanto a sua autoria divergem entre os que apontam para Bernardo Pires, enquanto outros acreditam que ela é obra de José Mariano de Mattos. Sobre as cores utilizadas, a versão mais aceita é a que o verde e o amarelo representam o Brasil, e a faixa vermelha seria o símbolo da guerra, do sangue e da república. Então, o vermelho cortando ao meio as cores do Brasil demonstra o ideal separatista de nosso estado do restante do país. Já o brasão, seu lema e seus simbolos estão diretamente ligados à maçonaria, sabendo que os líderes da revolução eram todos da irmandade, onde o próprio Bento Gonçalves na época chegou a ser Gran Mestre.
Cevando o mate

Não é só na Semana Farroupilha que se toma chimarrão. Gaúcho que é gaúcho já está, cedito, cevando o seu mate o ano inteiro.
O nosso tradicional chimarrão, também conhecido como mate, hoje é uma bebida característica da cultura de todo o sul latino-americano. Um hábito legado pelas culturas quíchua, aymará e guarani. Hoje chegou a todo o sul do Brasil - Paraná, Santa Catarina e também ao Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, por onde foram se espraiando os gaúchos.
É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate e água. Embora a acepção mate seja castelhana, é utilizada popularmente também no Rio Grande do Sul paralelamente com o termo “chimarrão”. Chimarrão (cimarrón em espanhol) também designa o gado que foge para o mato e torna-se selvagem.
O chimarrão
O chimarrão pode servir como “bebida comunitária”, apesar de que alguns aficionados o tomem durante todo o dia, mesmo a sós. Embora seja cotidiano o consumo doméstico, principalmente quando a família se reúne, é quase obrigatório quando chegam visitas ou hóspedes. Então assume um ar ligeiramente mais cerimonial.
Como todos sabem, a água não pode ferver porque queima a erva e modifica seu gosto. Deve apenas esquentar o suficiente para “chiar” na chaleira. Enquanto a água esquenta, vai se preparando o chimarrão.Tomar chimarrão é um ato amistoso e agregador entre os que o fazem, comparado muitas vezes com o costume do cachimbo da paz.
O preparador é o primeiro a tomar, em sinal de educação, já que o primeiro chimarrão é o “pior”. Também é de praxe o preparador encher novamente a cuia com água quente (sobre a mesma erva-mate) antes de passar cuia para as mãos de outra pessoa (ou da pessoa mais proeminente presente), que depois de sugar toda a água, deve também renovar a água antes de passar a cuia ao próximo presente. Não se esqueça de tomar o chimarrão totalmente, fazendo a “cuia roncar”. Se considera uma situação desagradável quando o chimarrão é passado adiante sem fazer roncá-lo.
Símbolos da tradição gaúcha
Uma das marcas do Gaúcho: a Pilcha


A primeira fase acontece com a chegada dos primeiros colonizadores, juntamente com o primeiro contato com os indígenas que aqui viviam. Logo haveria uma miscigenação, os índios começariam a usar algumas roupas européias como as calças e as camisas, somando o seu poncho para os dias mais frios. Além do Poncho, o chiripá também era uma peça da indumentária indígena.
A segunda fase diz respeito ao gaúcho que se tornara estancieiro e já podia dar-se ao luxo de adquirir trajes à européia. Usava calças e as ceroulas de crivo, também usava a bota de garrão de potro, invenção gauchesca típica. Igualmente o cinturão-guaiaca, o lenço de pescoço, o pala indígena, a tira de pano prendendo os cabelos e o chapéu de pança de burro.

O terceiro período se refere aos trajes dos farroupilhas. O primeiro destaque deste novo traje é a adaptação do chiripá indígena para aquele que viria a ficar conhecido como o legítimo chiripá farroupilha, que facilitava a lida a cavalo. É nesta época também que se popularizam os lenços brancos e vermelhos, que viriam a ter um sentido político-social.
A última fase tem início com a chegada da bombacha, que é de origem turca, e que foi usada como traje pelos pobres durante a Guerra do Paraguai. Até certa altura do século passado, usar bombachas em festas ou bailes era tido como ofensa. A bombacha se adaptou ao costume gaúcho por ser confortável, sendo muito usada pelos que viajavam a cavalo.
Após o surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho, a idéia de identidade destes trajes se difundiu. Hoje é comum ver em todo o estado pessoas que usam a indumentária gaúcha, como também diversas lojas especializadas com artigos de qualidade. Mas o maior movimento geralmente ocorre no mês de setembro, graças a aguardada Semana Farroupilha. E como o restante do estado, o Mercado Público também se transforma. Nas bancas e restaurantes encontramos os atendentes trajando pilchas, que acabam por se integrar no cenário que conta com bandeiras, produtos típicos e também com aqueles que freqüentam. Estes homens de lenço no pescoço, bombacha e botas fazem com que o próprio Mercado participe e homenageie a data máxima do Rio Grande do Sul.
FONTE: http://www.paginadogaucho.com.br/deba/o20s.htm
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